Era uma vez... quase todas histórias começam assim. Lembro de minha mãe uma excelente contadora de histórias, com ela desenvolvi o amor pelos livros, pelos casos, pelas histórias...
Pessoas queridas me estimularam a fazer este blog. Nele vou contar um pouco do que vivi nas muitas idas e vindas de minha vida.

sábado, 23 de junho de 2012

Um pouco de poesia, um pouco de Cora


M Ã O S...
[Cora Coralina]

Olha para estas mãos
de mulher roceira,
esforçadas mãos cavouqueiras.

Pesadas, de falanges curtas,
sem trato e sem carinho.
Ossudas e grosseiras

Mãos que varreram e cozinharam.
Lavaram e estenderam
roupas nos varais.
Pouparam e remendaram.
Mãos domésticas e remendonas.

Minhas mãos doceiras...
Jamais ociosas.
Fecundas. Imensas e ocupadas.
Mãos laboriosas.
Abertas sempre para dar,
Ajudar, unir, abençoar.

Mãos de semeador...
Afeitas à sementeira do trabalho.
Minhas mãos raízes
Procurando a terra.
Semeando sempre.
Jamais para elas
o júbilo da colheita.

Mãos tenazes e obtusas,
feridas na remoção de pedras e tropeços,
quebrando as arestas da vida.

Mãos alavancas
na escava de construções inconclusas.

Mãos pequenas e curtas de mulher
que nunca encontrou nada na vida.
Caminheira de uma longa estrada.
Sempre a caminhar.
Sozinha a procurar,
o ângulo prometido,
a pedra rejeitada.

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